E. F.
Nascimento: 09.04.1821
Falecimento: 31.08.1967
Hoje, dia nove de abril, comemora-se o aniversario de nascimento do poeta Charles Baudelaire. Em sua homenagem e para nosso deleite deixo aqui o poema
Conversa do livro
Flores do Mal e
O Desejo de Pintar do livro
Pequenos Poemas em Prosa.
Conversa
És como um céu de outono, róseo e luminoso!
Mas a tristeza em mim é qual o mar que avança
E deixa, ao refluir, sobre meu lábio umbroso
O amargo travo de uma cáustica lembrança.
- Sobre meu peito corre inútil a tua mão;
O que ela toca, amiga, é um sítio devastado
Pelas garras e os dentes das mulheres. Não
Busques meu coração, por elas devorado.
Ele é um palácio que a balbúrdia fez sombrio;
Ali se bebe e mata, ali se brinda ao duelo!
- Nada um perfume em torno de teu colo esguio!...
Assim o queres, ó Beleza, atroz flagelo!
Com teus olhos de fogo, acesos como festas,
Calcina o que escapou à última das bestas!
Infeliz, talvez, seja o homem, mas feliz é o artista a quem o desejo dilacera!
Fico louco de
vontade de pintar aquela que me aparece tão raramente e foge tão
depressa quanto uma coisa bela, inesquecível, atrás do viajante levado
pela noite. E já faz tempo que ela desapareceu!
Ela é bela e, mais que bela, é surpreendente. Nela o negror é abundante:
e tudo o que ela inspira é noturno e profundo. Seus olhos são duas
cavernas onde cintila, vagamente, o mistério, e seu olhar ilumina como
um relâmpago; é uma explosão nas trevas.
Eu a Compararia a um
sol negro,
se se pudesse conceber um astro negro vertendo luz e felicidade. Mas
ela faz mais facilmente pensar na lua, que, sem dúvida, a marcou com sua
terrível influência; não a lua branca dos idílios, que parece uma fria
noiva, mas a lua sinistra e embriagada, suspensa ao fundo duma noite
tempestuosa, empurrada pelas nuvens que correm; não a lua pacífica e
discreta que visita o sono dos homens puros; mas a lua arrancada do céu,
vencida e revoltada, que as Feiticeiras tessalianas constrangem
duramente a dançar sobre a relva aterrorizada!
Em sua pequena fronte habitam a tenaz vontade e o amor à presa.
Entretanto, sob esse aspecto inquietante, onde as narinas móveis aspiram
o desconhecido e o impossível, brilha, com inexprimível graça, o riso
de uma grande boca vermelha e branca e deliciosa que faz sonhar o
milagre de uma soberba flor que desabrocha em um terreno vulcânico.
Há mulheres que inspiram o desejo de vencê-las e de divertir-se com
elas, mas essa dá vontade de morrer lentamente sob seu olhar.
pdf de Flores do mal:
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CCoQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.projetovemser.com.br%2Fblog%2Fwp-includes%2Fdownloads%2FAs%2520%2520Flores%2520do%2520Mal%2520-%2520Charles%2520Baudelaire.pdf&ei=gsVFU_fgG8uh0gG0jIDgCg&usg=AFQjCNH3XTwYUCvLdsM_unOoxVAT0HJY7Q&bvm=bv.64507335,d.dmQ
site de Pequenos Poemas em Prosa:
http://pequenospoemasemprosa.blogspot.com.br/2011/01/o-desejo-de-pintar.html